POLÍTICA EXTERNA


Brasil poderá ter voos diretos para todos os países da União Europeia

26/05/2010

Carolina Gonçalves

Rio de Janeiro - Até o final do ano, os brasileiros podem ter voos diretos para todos os países da União Europeia. A intenção foi declarada hoje (25) pelos ministros da Defesa do Brasil, Nelson Jobim, e de Transporte da Espanha (país que atualmente preside a União Europeia), José Blanco, durante a Cúpula União Europeia – América Latina da Aviação Civil, no Rio de Janeiro.
Hoje, o Brasil mantém acordos bilaterais com apenas 13 países europeus, com os quais mantém voos diretos e regulares. Com uma declaração assinada hoje (25) pelo governo brasileiro e pelo representante do bloco europeu, o volume de voos diretos deve aumentar já a partir do dia 14 de julho. A intenção é ampliar o número de locais de origem e de destino. Segundo Bruno Silva Dalcolmo, superintendente de Relações Internacionais da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a União Europeia já iniciou as negociações e apresentou apoio absoluto dos 27 países associados ao bloco.
“O Brasil tem muito interesse na maior integração, com objetivo de garantir mobilidade do passageiro e a conectividade das cidades brasileiras com cidades europeias”, garantiu Dalcolmo. O superintendente da Anac explicou ainda que a proposta é criar um acordo único com todo o bloco europeu, unificando os já existentes. “Você facilita o trânsito e racionaliza o volume de negociações que a autoridade tem que realizar. Há benefícios de acesso a mercados, oportunidade de negócios às empresas, conectividade e mobilidade do passageiro brasileiro”.
Sobre a capacidade dos aeroportos brasileiros de receber mais voos da Europa, Dalcolmo lembrou que, desde que o Brasil iniciou o processo de flexibilização das operações aéreas, foi registrado um aumento de 21% a 25% do número de frequências operadas em aeroportos fora do eixo Rio de Janeiro-São Paulo. Segundo ele, há uma desconcentração relativa do transporte aéreo brasileiro, com voos internacionais partindo hoje de cidades como Belo Horizonte, Brasília, Recife, Fortaleza e Natal.
“Isso significa maior comodidade e conforto ao passageiro, que não é obrigado a fazer uma conexão no estado de São Paulo e, com isso, aumentar em muitas horas a viagem para um destino europeu. E [significa] menor custo para o passageiro. As passagens tendem a ser mais baratas porque elas guardam relação com o número de milhas voadas”, explicou Bruno Dalcomo.


Serra mostra descrença com acordo do Irã, diz que não pressiona Aécio para vice e critica governo

26/05/2010

Lourenço Canuto

Brasília – A intermediação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no acordo nuclear de troca de urânio do Irã foi classificado, hoje (25), pelo pré-candidato tucano à Presidência da República, José Serra, como "uma boa intenção". Serra se mostrou cético quanto ao cumprimento do acordo pelo presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, o qual classificou de ditador, “como os dos anos 30", citando Hitler e Stalin.
Serra disse que espera que o acordo seja cumprido, mas lembrou que, no Irã, não há liberdade de expressão. O pré-candidato participou debate com empresários, na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), ao lado das pré-candidatas do PT, Dilma Rousseff e do PV, Marina Silva.
O tucano se disse tranquilo em relação à composição de sua chapa à campanha presidencial, negando que esteja fazendo qualquer pressão para que o ex-governador de Minas Gerais, Aécio Neves, entre como candidato a vice-presidente.
Serra também criticou o governo Lula e mostrou, numa exposição gráfica, que, apesar de ter afirmado que investiria, no ano passado, R$ 54 bilhões, o governo não passou de R$ 15 bilhões nos valores empenhados. Segundo o ex-governador, mais de R$ 30 bilhões foram rolados como restos a pagar. Mais tarde, em São Paulo, ele disse, no entanto, que só 20% do que foi planejado para investimentos foram rolados como restos a pagar. Para o ex-governador, os estados e municípios investem, efetivamente, muito mais que o governo federal.



Lula envia cartas a Obama, Sarkozy e Medvedev pedindo apoio ao Acordo de Teerã

26/05/2010

Luiz Antônio Alves e Jacqueline Bogdezevicius


Brasília e Buenos Aires - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou hoje (25) uma carta aos presidentes da França, Nicolas Sarkozy, e da Rússia, Dmitri Medvedev, pedindo apoio ao acordo assinado entre o Irã, o Brasil e a Turquia no último dia 7, em Teerã. Carta com o mesmo teor foi enviada ontem (24) ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.
A informação foi divulgada agora há pouco pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, durante entrevista na casa do embaixador do Brasil em Buenos Aires, Enio Cordeiro. Segundo o ministro, na carta, o presidente Lula diz que se houver uma resposta positiva do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) ao Irã sobre o acordo assinado no dia 7, "cria-se um círculo virtuoso para novas conversações".
Pelo acordo, o Irã enviará 1,2 mil quilos de urânio levemente enriquecido a 3,5% para a Turquia e, em troca, receberá o produto enriquecido a 20% para uso em pesquisas médicas.
Amorim reiterou que o acordo de Teerã atende aos pedidos feitos pela Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea). "Nós fizemos nossa tentativa", disse o ministro, "Foi um acordo muito conversado e nos orgulhamos muito. Seu objetivo foi criar um clima de confiança internacional. Pode não resolver todo o problema da energia nuclear no Irã, mas abre possibilidades para conversações".
O presidente Lula encerrou sua participação das comemorações pelo Bicentenário da República da Argentina e está a caminho da base aérea de Buenos Aires, de onde volta a Brasília.




Correio Braziliense
Assunto: Mundo
Título: 1a Última chance para o Irã
Data: 14/05/2010
Crédito: Viviane Vaz



Viviane Vaz



Lula vai levar a Teerã uma proposta costurada com a Turquia para viabilizar a troca do urânio destinado aos reatores iranianos. Se não houver acordo, Washington vai à ONU propor mais sanções

Dois dias antes de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcar em Teerã para se encontrar com o colega Mahmud Ahmadinejad, na tentativa de fechar um acordo para enriquecer urânio iraniano na Turquia, Estados Unidos e Rússia enviaram ontem mensagens divergentes sobre o impasse nuclear. Enquanto Washington praticamente dá um ultimato, Moscou resiste à adoção de medidas unilaterais. Acredito que devemos ver a visita de Lula como uma tentativa final de diálogo, afirmou um alto funcionário do Departamento de Estado dos EUA à agência France Presse.

De sua parte, o chanceler russo, Sergei Lavrov, alertou os EUA e outros países ocidentais contra a imposição de represálias fora do âmbito das Nações Unidas. Segundo ele, países que enfrentem sanções do Conselho de Segurança (CS) da ONU não podem, sob nenhuma circunstância, ser alvo de sanções unilaterais impostas por um ou outro governo, passando por cima do conselho, disse Lavrov à agência russa Interfax. A posição dos Estados Unidos hoje não exibe compreensão dessa verdade absolutamente clara, completou. Rússia e China, ambas membros permanentes do CS, são contra a adoção de sanções mais duras contra a República Islâmica por sua recusa a suspender as atividades de enriquecimento de urânio e a abrir completamente suas instalações para inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, órgão da ONU).

O aviso de Lavrov coincidiu com a chegada de Lula a Moscou, acompanhado de empresários e dos ministros das Relações Exteriores, Defesa e Turismo, além do assessor especial para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia. Lula se reúne hoje ao meio-dia com o presidente Dmitri Medvedev, com quem deve discutir formas de retomar o acordo para a troca de combustível nuclear e minimizar as ameaças de sanções ao Irã, país que interessa ao Brasil e à Rússia como parceiro comercial.

Na semana passada, o departamento de Estado dos EUA afirmou que não se importava com a viagem de Lula ao Irã, e que até torcia por ele, embora sem grandes expectativas. A essa altura, nosso cálculo é de que é pouco provável que o Irã mude de curso na ausência de um forte discurso e uma pressão real da comunidade internacional, disse o porta-voz Philip Crowley. Ele completou que, se as autoridade brasileiras forem bem-sucedidas em convencer o Irã, seria um desenvolvimento positivo.

Otimista, o chanceler Celso Amorim disse aos jornalistas, na capital russa, que estão presentes todos os elementos necessários para superar o impasse em torno do programa nuclear iraniano. O importante é ter um acordo prático que crie garantias objetivas de que o material disponível de urânio enriquecido no Irã não estará sendo usado para fins militares, disse Amorim. Isso você consegue em parte pela implementação do acordo, e em parte pela presença dos inspetores da agência atômica (da ONU), acrescentou.

Comércio

O diretor do Departamento de Promoção Comercial do Itamaraty, Norton Rapesta, não demonstra preocupação com ao risco de as exportações para o Irã serem prejudicadas por uma nova rodada de sanções. Se elas vierem, depende da dimensão da medida, disse Rapesta. Ele lembra que o Brasil sempre respeita as decisões da ONU, mas que a instituição nunca vetou s importação de alimentos. A agenda de Lula no Irã inclui um seminário empresarial para ampliar o comércio bilateral.

Antes de embarcar para Teerã, no domingo, Lula visita amanhã o Catar, onde será anunciada a abertura de uma linha aérea direta entre São Paulo e Doha, pela Qatar Airways. Do Irã, Lula segue para a Espanha, onde assistirá à cúpula entre União Europeia e América Latina-Caribe quando serão formalmente retomadas as negociações comerciais entre UE e Mercosul. Depois, participa em Lisboa da cúpula Brasil-Portugal, e chega de volta ao Brasil no dia 20.

Acredito que devemos ver a visita de Lula como uma tentativa final de diálogo
De um funcionário do Departamento de Estado norte-americano



"O importante é ter um acordo prático que crie garantias objetivas"
Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores